SOS FUNCEF - "QUEM MEXEU NO MEU DINHEIRO?"
sábado, 24 de setembro de 2016
ISTO É - As gravações que comprovam a fraude de R$ 2 bi na Funcef
Lei a íntegra da matéria e escute os áudios.
A ausência de fiscalização com reponsabilidade e responsabilização de dirigentes, a desinformação, a falta de transparência tornaram os fundos de pensão alvos fáceis ao uso em benefício de causas diferentes de seus propósitos, do direito à sobrevivência e à qualidade de vida dos trabalhadores, participantes e pensionistas na idade em que o mercado não mais os deseja.
História a ser recuperada e justiça a ser cumprida.
Aposentados, trabalhadores e pensionistas exigem, além a elucidação, a recuperação do dinheiro, o julgamento e condenação dos culpados e a reformulação das instituições administradoras dos fundos, da controladora e da legislação.
O que se quer são ações :
- para a transparência dos atos e propósitos dos dirigentes,
- para a qualificação,
- para o esclarecimento dos participantes,
- para fiscalização isenta, com cobrança efetiva e responsabilização.
Esta é a moralização desejada no negócio bilionário que garante a vida dos trabalhadores e seus direitos à dignidade conquistada em mais de 30 anos de trabalho e contribuição.
sábado, 17 de setembro de 2016
Lições das perdas nos fundos de pensão - Gazeta do Povo José Pio Martins [16/09/2016] [00h02]
A Polícia Federal deflagrou a Operação Greenfield, no início deste mês, para apurar um suposto esquema de prejuízos bilionários e corrupção nos quatro maiores fundos de pensão das estatais: Funcef (da Caixa Econômica Federal), Petros (da Petrobras), Previ (do Banco do Brasil) e Postalis (dos Correios). Segundo a acusação, gestores desses fundos teriam feito aplicações financeiras com prejuízos em troca de recebimento de propina. Por enquanto, é apenas acusação. Irregularidades, prejuízos e responsáveis somente podem ser confirmados após as investigações e os processos judiciais.
Pergunta intrigante: se tudo for verdade, por que os controles internos não conseguiram evitar as irregularidades? Entre minhas funções, fui secretário municipal, diretor-geral da Secretaria da Fazenda do Paraná e presidente de banco. Em minha carreira, alguma coisa aprendi sobre a gestão de grandes valores de terceiros, e confesso que tudo me parece muito estranho.
Por que os controles internos não conseguiram evitar as irregularidades?
Nos grandes bancos, operações de investimento financeiro, como aquelas feitas pelos fundos de pensão citados, passam por quatro instâncias internas e duas externas pelo menos, cujos procedimentos se assemelham às grandes agências de inteligência. Um setor faz o negócio; outro executa a operação; o terceiro faz a liquidação (processamento contratual, pagamento e fiscalização); o quarto faz a auditoria interna.
Além dos setores internos, o preço do negócio é identificado por laudo de avaliador externo (antes da execução) e fiscalizado por auditoria externa (após a realização). Se nas operações bilionárias é assim que deve funcionar e, a se provar que houve prejuízos e corrupção nas operações dos fundos de pensão, é o caso de perguntar: onde estavam os controles?
Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica e Correios estão entre as maiores empresas do planeta, e é de se supor que sigam os manuais de gestão das megacorporações e suas megaoperações. Os fundos de pensão recebem contribuições dos empregados e das empresas empregadoras, para investir e pagar aposentadorias, pensões e benefícios. Um esquema de fraudes e perdas somente pode prosperar se os controles não existirem ou se falharem.
Nenhuma das quatro empresas é amadora. Todas são devidamente profissionalizadas e conhecem os manuais de gestão. Então, há muito para ser esclarecido. Obviamente, a corrupção e a ineficiência não foram inventadas agora, são endêmicas no Brasil. Mas o que assusta nesses casos é o tamanho do rombo e a dimensão do roubo.
A Constituição dos Estados Unidos teve base no pensamento exarado em uma série de 85 artigos nascidos de reuniões na Filadélfia em 1787, que foram reunidos no livro O Federalista. Lá está a seguinte passagem de James Madison: “Mas o que é o próprio governo, senão a maior das críticas à natureza humana? Se os homens fossem anjos, não seria necessário governo algum. Se os governantes fossem anjos, o governo não precisaria de controles externos nem internos”. Como não há anjos, a esperança está nos controles e no Código Penal.
José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.
http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/licoes-das-perdas-nos-fundos-de-pensao-8kwzqzc9hmnaah4qch7lgh69y
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
terça-feira, 13 de setembro de 2016
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
Míriam Leitão
A ponta do Iceberg
COLUNA NO GLOBO
A ponta do iceberg
POR MÍRIAM LEITÃO
Há muitas formas de se desviar dinheiro de um fundo de pensão, por isso a lista dos suspeitos é grande. A operação Greenfield conseguiu mapear dez casos em que houve o mesmo padrão de irregularidade. Há outros casos sendo investigados. Esse pode ser o começo de um longo processo de limpeza dos fundos de pensão, que precisavam, há muito tempo, de um esforço para estancar a sangria.
A operação que cumpriu ontem ordens de prisão, condução coercitiva, busca e apreensão contra 40 alvos começou a ser montada há dois anos diante de denúncias recebidas. No começo, eram genéricas. Depois, chegaram denúncias mais concretas, feitas por participantes dos fundos, que explicavam a complexidade de certas operações.
Na CPI dos Fundos de Pensão, houve um grande avanço porque conseguiu-se montar um grupo de profissionais de várias áreas — Previc, Polícia Federal, CVM, Banco Central, TCU — que passou a assessorar as investigações. A PF agora está trabalhando num grupo multi-institucional, como foi na CPI. Um padrão de desvio foi identificado nos Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), criados para um específico investimento. Eles é que estão nos casos investigados na operação de ontem.
O deputado Efraim Moraes Filho (DEM-PB), que foi presidente da CPI, considera que esses escândalos têm uma face ainda mais cruel, porque criam rombos que depois são cobertos pelos trabalhadores e, pior, pelos aposentados.
— A Postalis já está descontando 17% dos aposentados; a Funcef já desconta 4%; e a Petros começará no ano que vem a descontar para cobrir o rombo — disse o deputado.
A regra é que os fundos de pensão não podem deter mais do que 25% desses FIPs, mas o truque das empresas era superavaliar os ativos que aportavam nos FIPs, de tal forma que o fundo de pensão aplicava mais do que deveria, corria mais risco do que podia, e o tempo de retorno do investimento passava a ser muito maior. Ou seja, os 25% valiam mais do que o percentual indicava, porque os 75% eram de ativos cujo valor era exagerado. Em vários casos, essas operações foram feitas com uma rapidez que desrespeitava as regras dos fundos.
Os FIPs são uma forma de desviar dinheiro de fundos de pensão. Há várias outras. Como se justifica a compra de títulos da dívida da Argentina, no meio do calote, e da dívida da Venezuela, pela Postalis?
Nos últimos anos, o governo se comportou como se os fundos de pensão fossem departamentos das estatais. Eles foram convocados para aportar dinheiro em cada projeto duvidoso que aparecia — como a Sete Brasil —, sustentavam projetos de empresas amigas, eram usados como cabides de emprego para indicados políticos. Por isso não é de se estranhar que sejam alvos alguns velhos conhecidos, como Leo Pinheiro e João Vaccari Neto.
— A Sete Brasil tinha um mês de vida, era apenas uma ideia, e recebeu aportes de R$ 3,3 bilhões de três fundos: Funcef e Petros deram R$ 1,5 bi cada um, e a Previ deu outros R$ 300 milhões. Não eram investimentos do interesse dos aposentados, mas sim uma agenda do PT. Em Belo Monte, foi a mesma coisa — diz o deputado Efraim Moraes Filho.
O caso do J&F tem a ver com o FIP Floresta, que iniciou os investimentos da celulose Eldorado, depois beneficiada com dinheiro do FI-FGTS, em caso denunciado pelo ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto, afilhado do deputado Eduardo Cunha. No caso do FIP Enseada, encontra-se Eugênio Staub, que já quebrou a Gradiente, e tentava por em pé outra empresa com a ajuda dos fundos. A Engevix também está presente nesse escândalo através do FIP Cevix, que recebeu R$ 237 milhões da Funcef.
— Isso é só a ponta do iceberg, só o começo, porque os valores dos fundos são gigantescos. Eles pegavam um papel sem valor, levavam ao fundo e, com tráfico de influência, conseguiam aprovar. Uma agência de classificação pequena dava um bom rating, e aí tirava-se dinheiro do fundo de pensão — disse o deputado Sérgio Souza (PMDB-PR), relator da CPI dos Fundos de Pensão.
O rombo que terá que ser coberto é de R$ 50 bilhões, e os desvios são de R$ 8 bilhões. Pelo que a CPI levantou, e pelo que a PF já está investigando, este é apenas o começo de uma limpeza que pode ser histórica.
(Com Alvaro Gribel, de São Paulo)
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